Obesidade: Alternativas de tratamento

 

A obesidade é uma condição que tem recebido cada vez mais atenção por parte da comunidade médica e do poder público. No Brasil, observa-se um aumento gradual do número de pessoas obesas, principalmente entre os jovens.  Estima-se que o país tenha cerca de 120 milhões de pessoas com excesso de peso, uma vez que 55,5% da população apresenta sobrepeso e 19,8% já são obesos, um crescimento alarmante de 72% nos últimos 13 anos. Para combater esses números é necessário, além da vontade do paciente, lançar mão de alternativas de tratamento, como as cirurgias bariátricas, medicamentos e a adoção de novos hábitos de vida.

Esse aumento de casos está diretamente relacionado ao novo estilo de vida: sedentarismo, consumo de alimentos hipercalóricos e açucarados, e baixo nível sociocultural. A obesidade tem causas multifatoriais e podemos citar inúmeros fatores que estão ligados ao desenvolvimento dessa doença (genéticos, psicológicos, endocrinológicos e ambientais). O tratamento eficaz exige a atuação integrada de uma equipe multiprofissional, abordando todos esses aspectos.

A cirurgia bariátrica é uma excelente forma de tratamento da obesidade, apresentando os melhores e mais duradouros resultados. Conforme última resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), a indicação da cirurgia passou a contemplar pacientes com obesidade grau I (IMC entre 30 e 35) que apresentam doenças graves relacionadas, como a diabetes mellitus, os problemas hepáticos e a apneia obstrutiva do sono. Também quem possui uma obesidade grau II (IMC de 35 a 40) associada a alguma comorbidade ou grau III (IMC maior que 40) sem a presença de doenças.

Existem diversas técnicas para realização da bariátrica. Atualmente as mais utilizadas são o bypass e o sleeve. Possuem indicações específicas, considerando a individualidade de cada paciente. No bypass é feito um desvio intestinal e uma redução estômago. Já no sleeve, a cirurgia consiste na redução de até 80% do órgão. As duas técnicas possuem grande efeito metabólico e, quando associadas a mudanças comportamentais, possibilitam um tratamento significativo e duradouro.

Ao falarmos em sucesso do tratamento da obesidade, não visamos apenas a perda de peso. Avalia-se, de forma conjunta, o controle das doenças associadas, o bem-estar e a mudança de hábitos desses pacientes. Os resultados laboratoriais e hormonais já são vistos logo após a bariátrica. Em média, o paciente atinge seu peso mínimo cerca de 18 meses após o procedimento.

Existem muitas drogas para o tratamento da obesidade. Algumas bastante conhecidas, entre elas o Ozempic, que apresentam excelentes resultados. O tratamento farmacológico possui indicações claras, assim como a cirurgia. Normalmente, esses medicamentos são recomendados para pacientes com graus menores de obesidade. Porém, assim como a cirurgia, as medicações não apresentam bons resultados sem acompanhamento multidisciplinar, reeducação alimentar e prática de atividade física. Outro aspecto relevante a ser considerado é o custo e o longo período que essas medicações vão ser prescritas. Cada paciente precisa ser cuidadosamente avaliado para determinar o melhor tratamento.

Uma das principais barreiras para combater o excesso de peso é a baixa porcentagem de pacientes que procuram ajuda. Isso provavelmente se deve à desinformação e ao preconceito. Essas pessoas precisam ser acolhidas e orientadas por equipes capacitadas. A obesidade é uma doença muito grave e precisa ser tratada com respeito e seriedade.

*Dr. João Bassotto é médico cirurgião do Hospital Dom João Becker. Ele foi o entrevistado de ontem (21/10) do programa Papo de Saúde, realizado em parceria com o Giro de Gravataí.

Para assistir a edição completa da entrevista, clique aqui.

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