Priscila Milán
A Associação dos Geólogos, Engenheiros e Arquitetos de Cachoeirinha (AGEA) tem promovido encontros com autoridades locais e entidades de classe para apresentar seu posicionamento sobre a liberação de uso de uma faixa de 300 metros de extensão da área conhecida como Mato do Júlio, proposta pela Prefeitura Municipal. A reunião mais recente ocorreu na quinta-feira (20/3), na sede da Associação Empresarial de Cachoeirinha (ACC).
No evento, representantes da AGEA fizeram uma apresentação para esclarecer que não são contrários à proposta do Executivo Municipal de desmembrar uma faixa da referida área, mas propõem que mais estudos técnicos sejam realizados antes dessa possível liberação. “A faixa em questão, proposta pela Prefeitura, tem 300 metros de extensão a partir da Flores da Cunha, adentrando a área do mato, e vai até o Parcão. O que a AGEA questiona é a forma como essa ação está sendo conduzida”, informa a instituição em nota para o Giro de Cachoeirinha.
De acordo com a associação, é importante que a legislação estabelecida no Plano Diretor seja cumprida. Para tanto, algumas regulamentações devem ser consideradas antes de qualquer medida que possa prejudicar o meio ambiente e munícipes. “A prática de desmembramento de áreas diversas é uma abordagem antiga que vai contra a visão da associação sobre o planejamento urbano, gerando uma série de problemas para a cidade, como dificuldades no transporte público, enchentes, a criação de bairros sem a infraestrutura necessária, entre outros. No final, quem sofre com as consequências desses problemas é a própria população”, declara a AGEA no comunicado.
Na reunião de ontem, assim como nos demais encontros realizados pela entidade, os geólogos, engenheiros e arquitetos defendem que é imprescindível um estudo completo da região para que então seja determinado seu uso. Eles apontam que não há embasamento, por exemplo, para justificar a dimensão da área proposta para liberação.
“Devemos realizar um estudo completo da região para determinar qual será o seu uso. Só após esse estudo, poderemos decidir se a área será limitada aos 300 metros propostos ou se serão liberados 500 metros, 1.000 metros ou até mesmo nenhuma extensão. O estudo permitirá analisar se a área deve ser classificada como uma Área de Preservação Permanente, se tornará um Parque Florestal, um novo bairro ou até mesmo o novo Centro da cidade. Nosso objetivo é garantir que, no futuro, as gerações que viverem em nossa cidade possam se orgulhar do que foi planejado e deixado para elas”, explica a AGEA ao Giro de Cachoeirinha.
Nas apresentações para entidades e demais interessados no tema, a Associação dos Geólogos, Engenheiros e Arquitetos tem destacado que no passado a fragmentação de áreas sem as necessárias avaliações técnicas de uso e ocupação do solo provocou danos, notáveis hoje. Por isso, é necessário, um diagnóstico aprofundado. Em parecer remetido ao Conselho Municipal do Plano Diretor de Cachoeirinha, ainda em 2024, a AGEA fez um questionamento para gerar reflexão sobre o assunto: “Por que não preservar esta região para a implantação de uma praça ou parque, aproveitando a existência de rica vegetação nativa acrescida de um riacho, que devidamente despoluído, traria um benefício imensurável a uma população de aproximadamente 140 mil habitantes, além de fazer um contraponto ao excesso de ocupação do solo com edificações ao longo da Avenida Flores da Cunha?”.
Conforme apurado pela reportagem, a AGEA pretende promover mais reuniões para apresentação de seu posicionamento sobre o uso de espaço no Mato do Júlio. A intenção é convidar mais entidades de classe, associações de bairro, Ministério Público, entre outros segmentos, para conhecer o ponto de vista da instituição. “Acreditamos ser fundamental que todos compreendam a posição da associação. A nossa proposta visa pensar e planejar o futuro da cidade. As decisões do passado, como os desmembramentos de áreas para usos inadequados, geraram uma série de problemas que hoje enfrentamos de forma emergencial. Nosso objetivo é evitar que isso se repita”, conclui a entidade em nota.
Foto: Divulgação/Coletivo Mato do Júlio