Os projetos literários da professora Angelita Pereira, atuante na rede pública de ensino de Gravataí e Cachoeirinha, estão ultrapassando as “fronteiras” da região. Recentemente, a escritora esteve em Paris, na França, para divulgar seu primeiro lançamento, “O Mundo Azul do menino João”, e este mês estreia na Feira do Livro de Porto Alegre, com a segunda obra publicada, “A Princesinha Sophia”. Ambos são livros inspirados em histórias reais de alunos com deficiência e têm a proposta de tornar a abordagem do tema inclusão mais acessível no ambiente escolar e na sociedade de forma geral.
Integrante do Coletivo de Leitoras de Paulo Freire, a moradora de Gravataí foi convidada a participar de uma conferência na capital francesa, por intermédio da professora Ana Lucia Souza de Freitas, uma das idealizadoras do evento, que acontece há cerca de cinco anos. A Semana Pedagógica Brasil-França Paulo Freire ocorreu no final de setembro, com a participação de várias escritoras brasileiras e programação na Praça Marielle Franco e na Universidade Paris 8. Na ocasião, a educadora lançou sua primeira obra, que retrata a história de um garotinho autista. “O Mundo Azul do menino João” será traduzido e relançado na conferência do próximo ano, porém pela Caravana Grupo Editorial, sediada na França.
Após a experiência enriquecedora na Europa, Angelita se prepara para outro momento especial na carreira literária: a estreia na Feira do Livro de Porto Alegre, com sua segunda produção. Ela vai lançar e autografar “A Princesinha Sophia” no dia 11 de novembro, às 16h, na Praça Maurício Sirotsky Sobrinho (espaço na Praça da Alfândega). “Não esperava que ia ser tão rápido, há tantos autores com muitas obras e que só depois de um tempo têm essa oportunidade. E eu, após dois anos do primeiro livro, já tive essa chance”, celebra a escritora, ansiosa pela participação na 71ª edição da Feira, que começou na sexta-feira (31/10) e segue até 16 de novembro.
Ilustrado por Samara Kolhrausch, o segundo livro da professora traz uma personagem com Síndrome de Angelmann. A escritora revela que sua meta é produzir uma coleção de obras infantis sobre inclusão. Algumas histórias já estão em mente para as próximas publicações, inclusive. “O meu intuito é trazer materiais lúdicos, que nós, professores, possamos trabalhar em sala de aula com as crianças de cinco a nove anos, que é o período de construção da personalidade. Nós não temos materiais que possam trazer uma perspectiva de atividades ou introduzir falas a respeito disso”, afirma.
O propósito não se restringe, no entanto, a oferecer um recurso para trabalhos sobre inclusão em sala de aula. A autora almeja que suas histórias ajudem a romper preconceitos além dos muros da escola. Com quase 27 anos de experiência como professora, Angelita destaca que a educação não pode ser “engessada” para que haja evolução e, para isso, é preciso viabilizar a troca de conhecimentos. Ela explica que ao levar o livro para casa e ter um momento de leitura com os pais, torna-se mais fácil para a criança e seus familiares o entendimento de que o respeito às diferenças é fundamental e que as deficiências não são, necessariamente, limitações para o desenvolvimento do ser humano e sua interação com os demais.
“O Mundo Azul do menino João” e “A Princesinha Sophia” são frutos de pesquisa e da própria experiência da educadora na área. Ela já trabalhou com muitas crianças com deficiência. Atualmente, Angelita atua na supervisão escolar da Natálio Schlain, em Cachoeirinha, e no setor administrativo da Bom Jesus, em Gravataí. Seus livros podem ser adquiridos nas duas cidades: nas livrarias J.A. Júnior, Clip Ivone e Gôri’s, em Gravataí, e na ATA, em Cachoeirinha. Também é possível comprar as publicações diretamente com a autora (Instagram @prof_angelita) ou na Editora Paladino.
Fotos: Priscila Milán/Grupo Giro