Mais do que espaços bonitos, o que todos buscamos hoje é um lugar que acolha, proteja e traga bem-estar. Esse é o verdadeiro papel da boa arquitetura, um caminho que vai muito além da estética. Trata-se de desenhar espaços que realmente façam sentido para quem vive neles.
Quando começamos um projeto, o ponto de partida são sempre as pessoas: seus hábitos, rotinas, desejos e necessidades. Acreditamos que um bom projeto nasce de dentro para fora, com a disposição estratégica dos ambientes, o aproveitamento da luz natural, a ventilação cruzada e, principalmente, a correta distribuição do mobiliário.
A arquitetura de verdade desenha experiências. Um sofá mal posicionado, uma circulação mal resolvida ou uma iluminação mal planejada podem comprometer a vivência de um ambiente, mesmo que ele seja bonito esteticamente. A verdadeira beleza está na harmonia entre forma e função.
Cada vez mais, valoriza-se o conforto, a proteção e a vivência interna dos lares. O foco está em como a casa acolhe quem vive nela e não apenas em como se apresenta para fora. Um exemplo disso são as grandes fachadas envidraçadas, que seguem sendo o desejo de muitas famílias. De fato, podem ser incríveis quando bem posicionadas, seja para valorizar uma vista ou aproveitar ao máximo a luz natural. No entanto, quando usadas sem critério, podem resultar em ambientes menos acolhedores e com pouca privacidade, tornando-se verdadeiras casas “vitrine”.
É essencial entender que, mais do que impressionar, as esquadrias devem ser pensadas de forma estratégica, garantindo privacidade, conforto térmico e bem-estar no dia a dia. Outro ponto que merece destaque é a escolha dos acabamentos e do design. O que se sobressai hoje é o desejo por uma estética mais atemporal: paletas neutras, materiais duráveis e espaços multifuncionais.
A personalização torna-se prioridade, cada projeto é único, feito sob medida para o estilo de vida de quem vai habitar. Não se trata mais de seguir modismos, mas de projetar com propósito. Um projeto bem resolvido hoje continua belo e funcional daqui a dez anos. Vivemos um tempo em que nossas casas se tornaram extensões da nossa vida emocional. São cenários de trabalho, descanso, encontros e lazer. São, acima de tudo, nossos refúgios. Por isso, entendemos que espaços que promovam bem-estar são essenciais.
A arquitetura biofílica é um bom exemplo dessa tendência: ela reforça a conexão entre o morar e a natureza, com o uso de materiais naturais, jardins internos e soluções que trazem mais luz, ar e leveza ao cotidiano. Por fim, acreditamos que o verdadeiro valor de um projeto está no quanto ele transforma positivamente a vida das pessoas. Casas que priorizam o bem-estar, o conforto e a privacidade ganham destaque em um mercado cada vez mais consciente.
Projetar de dentro para fora é respeitar quem vai habitar o espaço. É pensar em cada detalhe com sensibilidade, beleza e função. Arquitetura, hoje, é mais do que construir espaços é criar refúgios com alma, que contam histórias e acolhem vidas.
*Thanise Gomes e Rafaela Silveira são arquitetas e empresárias. Elas são sócias na Griffin Arquitetura e Interiores, sediada em Gravataí.
*As imagens são de projetos elaborados pela Griffin.