A descoberta do diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) não é um momento fácil para nenhuma família. A necessidade por terapias e adaptação a um mundo que, acostumado ao comportamento típico, costuma segregar o que é diferente são apenas alguns dos desafios de quem enfrenta a situação. Algumas iniciativas buscam amenizar as dificuldades, como o programa TEAcolhe, que completou um ano em Cachoeirinha, na última quarta-feira (8/7), gerido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Implementada pela Lei Estadual n° 15.322/2019, a iniciativa do Governo do Estado visa garantir e promover o atendimento às necessidades específicas das pessoas com autismo. Visando ao desenvolvimento pessoal, à inclusão social, à cidadania e ao apoio às suas famílias, são as Prefeituras que gerem a iniciativa, indicando um local para ser o Centro de Atendimento em Saúde do TEAcolhe. No município, a referência é a Associação Pais e Amor, com quem foi assinado termo de colaboração.
Em um ano, 150 famílias foram acolhidas em cerca de 1,2 mil atendimentos por mês, divididos em especialistas nas mais diversas áreas. A equipe na cidade conta com dois médicos neurologistas, nutricionista, quatro psicólogas, dois fonoaudiólogos, psicopedagogo, assistente social, musicoterapeuta, dois monitores de suporte simples, dois monitores comportamentais especializados, dois administrativos, totalizando assim 10 profissionais de nível técnico e seis profissionais de suporte.
“É um motivo de orgulho. Este número contabiliza mais do que o dobro exigido pelo Governo do Estado. Todos os profissionais, contam com as certificações e especializações exigidas pelo programa, com supervisão direta da coordenadoria estadual”, explica a secretária municipal de Saúde, Bianca Breier.
O acesso ao programa é regulado pelo Sistema de Gerenciamento de Consultas (Gercon), para atendimento e avaliação de casos de autismo em todo o ciclo de vida. Quando o TEAcolhe iniciou, em 8 de julho de 2024, a Pais e Amor era referência para Cachoeirinha e, também, Gravataí e Glorinha.
Em junho deste ano, o CAS de Gravataí foi inaugurado na Apae. Confira aqui a matéria do Giro de Gravataí sobre a abertura do espaço.
Motivos para celebrar
Na festa de um ano do TEAcolhe, estava a pequena Lara, cinco anos, representando todos os atendidos. Mais do que isso, ela foi a primeira a ser chamada pelo Gercon para atendimentos em Cachoeirinha. A filha de Thaina Anzorena Severo, 29 anos, já frequentava a associação antes. “O primeiro acolhimento que tivemos foi lá, um divisor de águas na minha vida. Encontrei outras pessoas vivendo mesmo que eu, que entendiam a minha angústia e o meu medo. Um espaço onde eu me sentia livre com a minha filha, onde ela se sente aceita, sem olhares tortos”, diz Thaina, que também é mãe da Kimberly, de dez anos.
Com o TEAcolhe, Lara apresentou uma evolução ainda mais significativa após consultas com psicóloga, fonoaudióloga e musicoterapia. “Uma sensação de esperança, de preces ouvidas. Ela deu um salto de desenvolvimento tão grande que eu ainda, como mãe me impressiono”, se emociona Thaina, mãe separada, que saiu do emprego para se dedicar à criação das filhas.
Os quatro passos do TEAcolhe
Unidade de saúde
É onde o médico do seu posto de referência indicará o cadastro no Gercon para “Reabilitação Intelectual”, adicionando o máximo de informações sobre o autismo e demais detalhes do paciente.
SUS
As pessoas precisam aguardar a análise do Gercon, regulado pelo governo estadual. Se o paciente já está cadastrado não é necessário novo cadastro, mesmo que esteja demorado. Atenção: um novo cadastro faz o paciente ir pro final da fila.
Encaminhamento do Gercon
Após a análise, o paciente, que pode ser de qualquer faixa etária, é direcionado para o local de atendimento e a urgência conforme a complexidade de cada caso.
Chegada no CAS
O CAS TEAcolhe recebe o paciente e encaminha aos atendimentos necessários.
*Com informações e foto da Prefeitura de Cachoeirinha