Gastrite e gordura no fígado: mudança de hábitos e acompanhamento médico são importantes

 

De acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia, cerca de 20% da população mundial (uma em cada cinco pessoas) apresenta algum problema de ordem digestiva. No entanto, aproximadamente 90% dessas pessoas não busca orientação médica para o tratamento. O estômago e o fígado estão entre os órgãos mais afetados, principalmente por condições como a gastrite e a esteatose hepática, conhecida como “gordura no fígado”. A boa notícia é que, na maioria dos casos, o acompanhamento médico e hábitos de vida saudáveis podem garantir a qualidade de vida no que diz respeito ao sistema digestório.

O estômago e o fígado são protagonistas na digestão. O estômago exerce um papel muito importante na liberação de enzimas digestivas, como a pepsina e a lipase, para a absorção dos alimentos. Além disso, possui células especializadas na produção de ácido clorídrico que tem suma importância nesse processo. O fígado, por sua vez, é nosso órgão “detox”. Ele desempenha uma função essencial na metabolização e desintoxicação no sangue para a eliminação de toxinas. Também produz proteínas, como a albumina e os fatores de coagulação. O órgão participa da digestão por meio da produção da bile, essencial para a quebra das gorduras.

Uma das enfermidades mais conhecidas do estômago é a gastrite. Trata-se da inflamação da mucosa gástrica, que pode ocorrer por vários fatores. Suas causas são variadas, como o uso de medicamentos, entre eles os anti-inflamatórios não esteroides e alendronato de cálcio. Também pode surgir em decorrência de infecções por vírus ou pela bactéria H. Pylori. Outra origem da gastrite pode ser por conta de condição autoimune.

O álcool também é um grande vilão, causando gastrite reativa e desconforto no abdômen superior. Outra forma da doença se chama gastrite atrófica metaplásica ambiental e pode tanto ter relação com H. Pylori quanto com hábitos como o consumo excessivo de sal, de tabaco e de álcool. O tratamento da gastrite envolve o uso de bomba de prótons (os conhecidos “prazóis”) por quatro a oito semanas, além da mudança na alimentação. É importante também realizar um teste para verificar a presença de H. Pylori e uma endoscopia digestiva alta, para analisar o estômago de maneira mais ampla.

Outra condição que requer atenção, dessa vez no fígado, é a esteatose hepática. Se não for tratada, esse acúmulo de gordura no tecido hepático pode evoluir para uma esteato-hepatite não alcoólica e, a longo prazo, uma cirrose hepática, condições de maior gravidade. A esteatose é assintomática e esse é o maior risco. Por isso, visitas regulares ao médico e adoção de hábitos mais saudáveis, como alimentação balanceada e prática de exercícios físicos são recomendados. A perda de peso é um fator importante para a reversão do quadro. O uso de medicamentos também pode ser prescrito para conter o acúmulo de gordura no fígado, quando paciente é obeso ou diabético.

*Dra. Daisy Soares é médica gastroenterologista do Hospital Dom João Becker e foi a entrevistada de ontem (23/9) do programa Papo de Saúde, uma parceria da instituição com o Giro de Gravataí.

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