Recentemente, o maior autor de histórias em quadrinhos do Brasil completou 90 anos. Mauricio de Sousa dispensa apresentações: é o criador de um universo que atravessou gerações, moldando a infância — e a imaginação — de milhões de brasileiros com a Turma da Mônica e os personagens do bairro do Limoeiro.
Mas hoje, o foco é outro momento marcante dessa trajetória. Há 16 anos, uma ousada reinvenção dos personagens deu início a uma nova fase da MSP — uma que falava diretamente ao leitor que cresceu junto com a Turma. Assim nasceu a Graphic MSP, um projeto que começou como homenagem e se transformou em um fenômeno criativo.
Tudo teve início com o MSP 50, projeto idealizado por Sidney Gusman para celebrar os 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa. O sucesso foi tão grande que as homenagens evoluíram para um selo completo: artistas brasileiros reinterpretando os personagens clássicos em histórias mais densas, autorais e com um visual completamente original.
A primeira publicação oficial, “Astronauta: Magnetar”, de Danilo Beyruth, foi o marco zero dessa nova fase. Na trama, o solitário explorador espacial enfrenta a imensidão e o silêncio do cosmos — e de si mesmo. A história conquistou público e crítica, mostrando que os personagens de Mauricio podiam ganhar novas camadas sem perder sua essência. O sucesso foi tamanho que a saga do “Astronauta” se expandiu em uma série de continuações, como “Singularidade”, “Pulsar”, “Entropia” e “Parallax”. E a aventura foi ainda mais longe: o personagem ganhou uma série animada original do HBO Max, levando o herói a novas fronteiras e consolidando o selo Graphic MSP como um celeiro de narrativas universais.
Sidney Gusman, editor e idealizador do projeto, relembra:
“Quando o projeto da Graphic MSP começou, eu já tinha uma expectativa alta. Os três MSP 50 tinham ido muito bem — eram as sementes do que viria a seguir. Eu acreditava em trazer de volta para a MSP o leitor jovem adulto, com histórias mais longas e versões feitas por outros autores. Logo de cara, com “Astronauta: Magnetar” e “Turma da Mônica: Laços”, isso se concretizou. O pessoal amou o projeto — e o desafio passou a ser: como manter esse sucesso?”
E manter, de fato, foi o que aconteceu. Gusman explica que a proposta do selo sempre foi plural:
“Desde o começo, eu queria abordar diversos gêneros, estilos e traços. Hoje, são mais de quarenta títulos — e tenho milhares de leitores que colecionam todos. Meu objetivo segue o mesmo: proporcionar histórias de qualidade, bem escritas e bem desenhadas, com os personagens mais famosos do Brasil, em releituras que encantem jovens adultos, mas que também conversem com crianças em diferentes camadas.”
Com o sucesso de “Turma da Mônica: Laços”, a Graphic MSP ultrapassou mais uma fronteira — a das telas de cinema. A adaptação em live-action, lançada em 2019, emocionou o público ao dar vida a Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão de forma fiel e afetuosa. O sucesso foi tanto que uma sequência, “Turma da Mônica: Lições”, estreou em 2021, expandindo o universo e provando o potencial cinematográfico dessas histórias.
Hoje, a Graphic MSP é muito mais que um selo de quadrinhos: é um manifesto sobre a força da criatividade brasileira e o poder de revisitar o passado com novos olhares. Ela mostra que, quando o imaginário é ilimitado, tudo flui com naturalidade — e o sucesso é inevitável.
*Andrei Viana é pedagogo e produtor de conteúdos relacionados à cultura geek. Criador do canal do YouTube PadaYou, também participa da programação e realiza a cobertura de eventos do segmento. No Instagram @1padayou, divulga diversos materiais sobre o universo nerd.
