Outubro Rosa: quem cuida também precisa se cuidar

 

O câncer de mama segue como a principal causa de morte feminina em nosso país. Segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 74 mil brasileiras serão diagnosticadas com essa neoplasia em 2025, sendo 22 mil aqui na Região Sul. São números preocupantes que reforçam a necessidade de campanhas como o Outubro Rosa.

De acordo com o INCA, o Sul lidera na incidência de câncer de mama, apesar do Sudeste estar à frente em números absolutos. Acredita-se que isso ocorra devido à maior exposição a fatores de risco. Temos uma população com expectativa de vida maior e com uma baixa taxa de natalidade, estamos mais expostos à obesidade, ao sedentarismo e ao consumo de bebidas alcoólicas. Por outro lado, também temos mais acesso a exames de rastreamento e diagnóstico, o que permite a descoberta precoce da doença. Portanto, liderar em número de casos não significa uma maior mortalidade.

Outros fatores de risco são a idade, devido às alterações biológicas e às exposições que sofremos ao longo da vida, a exposição hormonal, principalmente ao estrogênio, e a genética. Como alguns exemplos, podemos citar meninas que menstruaram antes dos 12 anos, mulheres que entraram na menopausa após os 55 anos, que tiveram a sua primeira gestação após os 30 anos ou que não gestaram ao longo da vida.

O rastreamento da população é realizado pela mamografia, por vezes associada à ecografia das mamas. Quando um nódulo é identificado, realiza-se uma biópsia dirigida e posterior análise do fragmento (anatomopatológico), que é o responsável pelo diagnóstico. O exame deve ser realizado a partir dos 40 anos.

O tratamento do câncer de mama é multimodal e depende do tipo das células malignas, do estadiamento (localização e tamanho) e das condições gerais de saúde da paciente. Inclui a cirurgia, que pode ser radical (retirada de toda a mama) ou conservadora (retirada do nódulo ou setor), além da radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.

Para ampliarmos a prevenção precisamos enfrentar alguns desafios. Entre eles, a redução das desigualdades regionais e socioeconômicas, a ampliação do diagnóstico precoce e a garantia do acesso rápido e integral ao tratamento. O SUS possui um protocolo estabelecido e disponível para realização dos exames de rastreamento, bem como uma lei que assegura aos pacientes o acesso ao tratamento em até 60 dias após o diagnóstico.

Também é importante lembrar de outras doenças prevalentes na população feminina, como o câncer de colo uterino e o câncer colorretal. A mulher, por sua natureza, está sempre disponível para cuidar dos outros e, muitas vezes, nesse processo maternal, acaba deixando o seu próprio cuidado de lado. Lembrando que cuidado não significa apenas realizar avaliações médicas e exames frequentes. Ele começa em casa: ao escolher o que comer, ao se exercitar, ao evitar hábitos destrutivos e cuidar de sua saúde mental.

O Outubro Rosa não serve apenas para nos lembrar de realizar exames, mas sim de nos tratar com carinho e entendermos que a pessoa mais importante somos nós mesmas. Para que depois, sim, todo o amor e cuidado possam ser transferidos para os demais.

*Dra. Marcella Garcia é médica obstetra do Hospital Dom João Becker e foi a entrevistada desta terça-feira (14/10) do Programa Papo de Saúde, uma parceria com o Giro de Gravataí.

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